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Questões Parentais

23/01/2014 02:15

 

O destino de uma pessoa começa a ser traçado no início das suas relações com seus parentes mais próximos, os pais ou quem quer que esteja bem perto vivendo o início da vida de uma criança... Na delicadeza dessa relação que se forma é que o adulto deposita suas frustrações ou sonhos sem ter a noção do tamanho desastre que pode causar no futuro de toda uma família.

O filho durante a infância, vê os pais como super-heróis, imbatíveis e capazes de defendê-los de todo perigo que o mundo lá fora proporciona. Faz parte do desenvolvimento da criança viver essa fantasia de forma bem saudável, isso ocorre se suas expectativas são atendidas. Os pais por sua vez, precisam entender que tudo tem um valor enorme para essa criança. A casa é muito maior na visão do filho do que dos pais; então essa casa é na verdade um castelo. O cão é seu cavalo e o vizinho chato é seu dragão. Transformando tudo isso em sentimento, é fácil de entender que se uma mãe sai para trabalhar sem explicar o que vai fazer é um abandono que ele sente todos os dias. Quando há brigas, é uma guerra; quando há gritos, é um caos. Quando enfim, resolvem os pais se separar, então o mar se abre em sua volta e ele, o filho, caminha solitário e temeroso entre duas enormes ondas prontas para engoli-lo. E aí ele rompe com os pais heróis, vive um luto e depara com a realidade dos simples mortais.

Exagerado? Não, é assim que se sente uma criança diante de uma disputa parental. E é onde a idade emocional estaciona. Isso explica porque alguns adultos sentem dificuldades em suas relações. Quantas pessoas possuem idade cronológica de 40, idade mental compatível, mas tão imaturo emocionalmente, então digo que tem uma idade emocional de 7 ou de 13 nos, depende de quando ocorreu o rompimento com aquela figura onde depositou sua confiança.

Esse processo de luto é normal, porém deve ser menos traumático possível.  Pais e filhos vivenciam uma relação no mínimo delicada. Existe um processo de amor e ódio que na maioria das vezes não conseguimos confrontar devido às culpas e cobranças por excesso de responsabilidade que depositamos nessa relação e por simples falha na comunicação, não entendemos a linguagem e os sinais do amor.

É essencial que os pais saibam que nem sempre o que seu filho diz é o que ele sente. Ele não vai te pedir amor, ele vai te testar até o último minuto para ver o tamanho do seu afeto por ele. Já adolescente ele vai dizer que te odeia, medindo o quanto você suportaria lutar para não perdê-lo.

Esses são os filhos, esses são os pais e essas são questões parentais tão individuais, porém tão familiares entre as pessoas que se relacionam saudavelmente. As relações doentias tomam outras proporções, tão perigosas, mas igualmente cheias de amor e ódio. (Nice -SP/25/08/2013)

Não é proibido errar...

25/04/2013 17:47

 

Li um artigo que dizia sobre a nossa ignorância e a quantidade de informações que recebemos e que são publicadas a toda hora. Desse jeito é difícil assimilar ou acompanhar as novidades do Mundo; portanto,  ignorância “não é um palavrão, é uma realidade e bem vinda”. Lembrei que a rigidez e a vergonha me obrigaram a saber de tudo para pertencer a um grupo. Preferia me calar a ter que perguntar, pois quem pergunta não sabe. E eu precisava saber.

A dificuldade que eu tinha para aprender (pois apenas decorava tudo) era porque achava que sabia tudo e porque nunca arriscava errar; ora, quem não erra não aprende. Sofri muito com minha inteligência (artificial), não sei em que momento, mas acho que foi aos poucos que comecei a assumir minha ignorância e fazer disso uma piada. A partir daí, comecei a filtrar o que realmente me interessava e o que me dava prazer. Ficou mais fácil “saber”, aprender. Perdi a vergonha de errar, comecei a fazer isso com mais frequência. ("Fragmentos da Terapia" -2004)

Fragmentos...

21/04/2013 00:53

A lembrança que tenho da casa de minha avó é que era muito grande. As tábuas do chão da sala faziam barulho. O vermelhão do chão da cozinha cheirava cera, um cheiro tão forte que sinto até hoje quando fecho os olhos e volto atrás. No quintal, havia uns “paus” enormes que eram usados para segurar varal de roupas. Hoje eu volto lá, na mesma casa e percebo que não era tudo tão grande assim...

Da mesma forma como tudo é tão grande para uma criança, o medo e o problema também são exagerados. Um “NÃO” dito pela mãe ou pelo pai, ou por qualquer outra pessoa importante na vida dela, pode parecer “O FIM DA SUA VIDA”. Por isso, muitos adultos carregam um medo terrível de enfrentar desafios e não sabem o porquê. Foi aquele “NÃO” que recebeu quando criança e que marcou sua personalidade.

Isso não quer dizer que não podemos dizer “NÃO” as crianças. Isso quer dizer que devemos ter cuidado ao falar ou tratar uma criança, pois cada uma tem sua própria resistência quanto a carregar traumas e complexos. ("Fragmentos da Terapia"- 2004)

Um pouco do livro "Flores-Crônica sobre o Pânico"

17/04/2013 10:01

 

Pessoas são complexas, tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Histórias de vida difícil são fáceis de contar e de entender... Quem dera solucionar, mas não. Elas empacam num mesmo ponto... O medo.

Medo de arriscar, falar, olhar, entender, errar, mudar... Mas principalmente de morrer.

Se não tivéssemos a possibilidade de perder a vida nem olharíamos para os lados antes de atravessar uma rua. Isto significa que tudo que fazemos perante a vida é devido à possibilidade da morte.

O que você está fazendo entre a vida e a morte?

A vida é uma oportunidade longa de erros e acertos, um leque de opções, um cardápio que você escolhe o que fazer ou acha que é um mero acontecimento e que você apenas faz parte dela como coadjuvante... É bem mais fácil. Dá um trabalho ser protagonista!

Muitas vezes somos incompreendidos, tomados por uma fraqueza, um tropeço, algo que vem e ninguém explica pra onde quer ir... E a vida toma um rumo, ou melhor, perde o rumo. Todos os nossos sonhos se desmancham... Insegurança, angústia, insatisfação, tristeza... E o nosso corpo responde com tremores, palpitações, taquicardia, sudorese e a louca vontade de fechar os olhos e sumir... Mas ao mesmo tempo nos poucos instantes de lucidez uma força muito maior faz vir uma reação do fundo da alma e que nos faz querer abrir os olhos, aparecer e ser feliz.

O equilíbrio consiste em ir até o fundo mais tenebroso e escuro dos sentimentos e conseguir voltar para a superfície clara e transparente. Uma, duas, várias vezes... Porque saber viver é saber lidar com o preto e branco, o baixo e o alto, o feio e o belo, a tristeza e a alegria, o bom e o mau, a vida e a morte... Mas é preciso aprender que entre o preto e o branco temos que conhecer os tons de cinza... Entre a vida e a morte temos que conhecer todos os nossos sentidos: olfato, tato, paladar, audição, visão e ainda, para complicar, o sexto sentido que não aprendemos a usar, mas com certeza está presente nos mistérios de cada um.

Na tentativa de simplificar os sentimentos humanos, parece que ficou mais complicado.

Mas a terapia é assim. Se você pensa que é uma pessoa, descobre que tem muito mais pessoas dentro de você. 

Livro Publicado

31/03/2013 13:10